Resumo

A pandemia da COVID-19 gerou um impacto social grave, por deixar milhares de desempregados. Essa situação, pouco atenuada pelas medidas adotadas pelo governo no enfrentamento dessa crise, levou muitos deles a buscarem outra alternativa que não fosse um novo emprego, pela sua escassez. Esse cenário, derivado do empreendedorismo por necessidade, possibilita a formalização de microempreendedores individuais (MEIs), uma tendência no período pandêmico e pós-pandêmico, que traz benefícios socioeconômicos à sociedade. Partindo desse contexto, que justifica esse estudo, objetivou-se analisar a relação entre desemprego e empreendedorismo, na pandemia da COVID-19, no país, no período de 2016 a 2021. Metodologicamente, trata-se de pesquisa quantitativa, descritiva, utilizando o método de levantamento. Os dados foram coletados através da PNAD Contínua do IBGE, das pesquisas do Empreendedorismo no Brasil do GEM e das estatísticas do Portal do Empreendedor do Governo Brasileiro. E foram tratados através da estatística descritiva e inferencial, obtendo como resultado um comportamento de crescimento, ao longo do tempo, com mais ênfase no período pandêmico, com aumento de 14% de desemprego, 23% de empreendedorismo inicial e 94% de MEIs ativos. Entretanto, o desemprego e o empreendedorismo inicial apresentaram baixa associação, demonstrando que o empreendedorismo no Brasil sofre relações muito mais importantes com outros fatores, o que causou surpresa por conclusões contrárias em pesquisas e análises nessa temática. Por outro lado, o empreendedorismo inicial e o número de MEIs ativos apresentaram forte relação, a ponto de, a cada 5 novos empreendedores iniciais no mercado brasileiro, ter-se a formalização de 1 MEI ativo. Esses resultados possibilitam um repensar nas políticas públicas para criar um cenário mais favorável aos MEIs ativos para a formação de uma cultura empreendedora legalizada, já que são responsáveis por boa parcela da oferta de empregos e riquezas geradas no Brasil.

The pandemic of COVID-19 generated a serious social impact by leaving thousands of people unemployed. This situation, hardly attenuated by the measures adopted by the government to face this crisis, led many of them to seek an alternative to a new job, due to its scarcity. This scenario, derived from entrepreneurship by necessity, enables the formalization of individual microentrepreneurs (MEIs), a trend in the pandemic and post-pandemic period, which brings socioeconomic benefits to society. Based on this context, which justifies this study, we aimed to analyze the relationship between unemployment and entrepreneurship, in the pandemic of COVID-19, in the country, in the period from 2016 to 2021. Methodologically, this is quantitative, descriptive research, using the survey method. The data were collected through IBGE's PNAD Continuous, GEM's Entrepreneurship in Brazil surveys, and statistics from the Brazilian Government's Entrepreneur Portal. And they were treated through descriptive and inferential statistics, obtaining as a result a behavior of growth, over time, with more emphasis in the pandemic period, with an increase of 14% of unemployment, 23% of initial entrepreneurship and 94% of active MEIs. However, unemployment and initial entrepreneurship showed a low association, demonstrating that entrepreneurship in Brazil is much more closely related to other factors, which caused surprise due to contrary conclusions in research and analysis on this theme. On the other hand, initial entrepreneurship and the number of active MEIs showed a strong relationship, to the point that for every 5 new initial entrepreneurs in the Brazilian market, 1 active MEI was formalized. These results make it possible to rethink public policies in order to create a more favorable scenario for active MEIs for the formation of a legalized entrepreneurial culture, since they are responsible for a good portion of the jobs and wealth generated in Brazil.