Resumo

Ao pesquisar sobre a inserção profissional de mulheres após a maternidade ao longo de seu trabalho de doutorado, a pesquisadora e atual professora do Departamento de Administração da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), deparou-se com um importante fator no exercício dos múltiplos papéis das mulheres pesquisadas: as redes de apoio. Assim surgiu o questionamento: como ficam as mulheres que não possuem rede de apoio? A provocação deu origem ao projeto Era Rede Que Me Faltava (ERQMF) nos Múltiplos Papéis em julho de 2022 com objetivo de reunir mulheres para formarem suas redes de apoio.

Após um ano de projeto Era Rede Que Me Faltava (ERQMF) nos Múltiplos Papéis, quais ações foram desenvolvidas e quais impactos podem ser verificados nas mulheres participantes? O objetivo do projeto, de criar uma rede de apoio para mulheres, está sendo alcançado? O estudo parte destes questionamentos, com objetivo de elucidar e trazer respostas e resultados para as questões que deram origem ao projeto.

No contexto da mulher que exerce múltiplos papéis, a rede de apoio surge como como um conjunto de sistemas e de pessoas significativas que compõem os elos de relacionamento recebidos e percebidos do indivíduo em seu nicho (BRITO e KOLLER, 1999). Esta perspectiva vai ao encontro do que Maggioni (2022) nos traz em sua pesquisa com mulheres no retorno profissional pós maternidade em que a autora traz a seguinte afirmação “a rede de apoio pode ser responsável pelo equilíbrio de aspectos familiares e profissionais” (MAGGIONI, 2022, p.47).

Este estudo trata-se de uma análise quantitativa em que os dados foram obtidos por meio da coleta de informações via Google Forms - questionário enviado às mulheres no momento do seu ingresso no projeto. Além do formulário, os dados também foram obtidos por meio de anotações das coordenadoras, listas de presença das integrantes nas diversas ações e também gravações dos eventos online via Google Meet.

Após um ano de ERQMF nos Múltiplos Papéis, é possível apontar os primeiros resultados das ações desenvolvidas e mapeamentos realizados com as integrantes. Hoje o projeto conta com 119 participantes cadastradas para as quais eventos mensais são programados com agenda de divulgação e organização periódica. Vinte e duas (18,5%) mulheres são jovens (até 29 anos); 47 (39,5%) estão entre 30 e 39 anos; 39 (32,8%) estão entre 40 e 49 anos; 9 (7,6%) estão entre 50 e 59 anos; e apenas 2 (1,7%) são idosas (mais de 60 anos); 90,8% empreendedoras; 69,7% são mães. Somam-se 855 atendimentos realizados.

O crescimento do projeto foi verificado através do aumento da adesão de novas mulheres e da continuidade das ações, o que demonstra o interesse e a necessidade existente em fazer parte do grupo ERQMF. Isso tudo corrobora a ideia trazida por Maggioni (2022) de que uma rede de apoio presente e consolidada é considerada um ponto essencial e facilitador na vida das mulheres, enquanto que a falta de tal rede é uma das mais frequentes dificuldade citadas por mulheres que exercem múltiplos papéis.

BRITO, R. C.; KOLLER, S. H. Redes de apoio social e afetivo e desenvolvimento. In A. M. Carvalho (Org.). O mundo social da criança: natureza e cultura em ação. (p. 115-130). São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999. MAGGIONI, M.B.L. Mulheres profissionais pós maternidade e a manifestação das estratégias de autoliderança em suas vivências no trabalho. Tese de doutorado, UFSM/RS, 2022. POSSATI, I. C.; DIAS, M. R. Multiplicidade de papéis da mulher e seus efeitos para o bem-estar psicológico. Psicologia: Reflexão e Crítica, pp. 293-301, UFPB, 2002.