Resumo

A desinformação e o estigma relacionados à menstruação estão estreitamente conectados, formando um ciclo prejudicial. A falta de informação sobre o assunto contribui para a criação de tabus e para a disseminação de concepções equivocadas, perpetuando a desinformação (Angelin, 2014; Assad, 2021). Esses tabus, por sua vez, alimentam o estigma social em torno da menstruação, dificultando a abertura de diálogos honestos e a busca por soluções eficazes.

A questão norteadora que motivou a pesquisa foi: Como as experiências individuais e opiniões compartilhadas em uma comunidade virtual influenciam a decisão de consumo de produtos menstruais pela mulher contemporânea? Este artigo contribui para a literatura ao investigar fatores associados ao consumo e à relação das pessoas com produtos menstruais reutilizáveis a partir de uma perspectiva de comunicação entre marca e público-alvo.

Os tabus envolvidos na menstruação (Sardenberg, 1994), na transformação da percepção e da prática do ciclo menstrual entre gerações, em paralelo com as ideias de profano de Robert Hertz (Mundim; de Souza; Gama, 2021), na relação entre o produto de higiene íntima e a construção da identidade das consumidoras (Zanola et al., 2020), na construção de narrativas do consumo de produtos menstruais e consumo sustentável para compreender o que motiva as mulheres a proteger o meio ambiente, seja por uma predisposição natural ou uma construção cultural (Angelin, 2014).

Para atender os interesses desse trabalho, o emprego da netnografia mostrou-se apropriado para explorar como as experiências individuais e opiniões compartilhadas na plataforma do Instagram na comunidade virtual da Inciclo influenciam a decisão de compra de produtos menstruais reutilizáveis.

O olhar a partir da netnografia demonstrou que esse tipo de pesquisa é uma ferramenta eficaz para explorar as interações sociais, a dinâmica da comunidade, as estratégias de marketing, divulgação dos produtos e os relacionamentos entre os membros. Sendo assim, espaços como o oportunizado pela marca possibilita a formulação de estratégias que reconheçam que algumas pessoas se sentem mais confortáveis compartilhando suas experiências pessoais e emocionais em um ambiente virtual, servindo de um espaço oportuno para o chamado marketing verde.

Durante a pesquisa netnográfica, observamos que a comunidade escolhida estabelece uma relação de confiança com seus membros, em um processo que essa relação transcende o ambiente digital e desempenha um papel fundamental na promoção da educação sexual, se configurando num espaço que a comunidade oferece um lugar seguro onde seus membros podem discutir abertamente sua fase menstrual, sem se preocupar com tabus ou constrangimentos.

ANGELIN, Rosângela. Mulheres, ecofeminismo e desenvolvimento sustentável diante das perspectivas de redistribuição e reconhecimento de gênero. Revista Eletrônica Direito e Política, v. 9, n. 3, p. 1569-1597, 2014. ANTWI, Stephen Kwadwo; HAMZA, Kasim. Qualitative and quantitative research paradigms in business research: A philosophical reflection. European journal of business and management, v. 7, n. 3, p. 217-225, 2015. ARAGÃO, Fernanda Bôto Paz et al. Curtiu, comentou, comprou. A mídia social digital Instagram e o consumo. Revista Ciências Administrativas, v. 22, n. 1, p. 130-161, 2016.