As discussões sobre diversidade de gênero têm conquistado cada vez mais importância e destaque no âmbito profissional. No que tange a área contábil, Cardoso (2021) aponta que as mulheres estão ganhando notoriedade na contabilidade. Embora tenha tido o crescimento no número de mulheres na profissão, a desigualdade de gênero ainda permacene (LEMOS JÚNIOR, SANTINI; SILVEIRA, 2015).
Haussmann et al. (2018) apontam que, nas profissões na área de de Ciências Sociais Aplicadas, incluindo a contabilidade, ainda existe. Tal situação pode ser vista em Silva, Dal Magro e Silva (2016) evidenciam que a remuneração dos homens é superior quando comparada as das mulheres e que os cargos superiores são exercidos mais por homens. Ante o exposto o presente estudo tem como objetivo analisar a percepção dos profissionais de contabilidade sobre as implicações da diversidade de gênero no ambiente de trabalho.
O conceito de gênero é uma construção social e cultural. Como um agrupamento de referências objetivas, as concepções de gêneros constroem a ideia e a organização concreta e simbólica da vida social (SCOTT, 1995). Dentre as várias profissões antes associadas apenas aos homens, a profissão contábil é uma delas, mas é cada vez mais exercida por mulheres. Todavia, a inclusão da mulher na história da contabilidade é um marco, o curso de Ciências Contábeis era representado intrinsecamente pela presença masculina (NASCIMENTO; ALVES, 2014).
Empregou-se uma metodologia descritiva, aplicada, quantitativa e de levantamento, tendo como instrumento de coleta de dados um questionário aplicado com os escritórios de contabilidade de Cianorte-PR. A análise se deu por estatísticas descritivas e análise de diferenças de médias.
Os principais resultados apontam que, no tocante à maternidade e à remuneração, respectivamente, a primeira, ambos os gêneros consideram que afeta na conquista de uma vaga de trabalho, já o segundo, na visão das mulheres, a remuneração delas é inferior ao comparar com as dos homens. Ainda, a mulher busca trabalhos que lhe proporcione maior estabilidade e é mais criteriosa ao assumir riscos. Quanto às pessoas LGBTQIA+, foi visto que, na percepção dos respondentes, estes possuem acesso às mesmas oportunidades do que as demais.
Pode-se depreender que ainda existem divergências nas perspectivas de como o gênero pode implicar no mercado de trabalho, principalmente, no que diz respeito ao gênero feminino, que enfrentam duplas jornadas ao conciliar carreira e maternidade, e ainda há uma assimetria na remuneração. Contudo, conclui-se que, quanto a capacidade de trabalho, de modo geral e independente do gênero, todos são capazes de executarem as suas atividades rotineiras de maneira adequada.
CARDOSO, C. O. A participação feminina no mercado de trabalho contábil: uma análise sobre a atuação das contabilistas nos escritórios do recôncavo baiano. Dissertação (Bacharel em Ciências Contábeis) – Centro Universitário Maria Milza, Governador Mangabeira, 2021.
HAUSSMANN, D. C. S.; VOGT, M.; NELSON, H.; SILVA, M. Z. Desigualdades de gênero no mercado de trabalho brasileiro: uma análise na área de ciências sociais aplicadas. Enfoque, v. 37, n. 3, 129, 2018.
LEMOS JÚNIOR, L. C.;SILVEIRA, N. S. P.;SANTINI, R. B. A feminização da área contábil: um estudo qualitativo básico.REPEC,v.9, n.1, 2015.