Resumo

O Arranjo e Sistema Produtivo e Inovativo Local (ASPIL) é um termo que surge no Brasil no final da década de 1990, no âmbito da Rede de Estudos em Sistemas Produtivos Inovativos Locais (REDESIST), um grupo de pesquisa do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, formado também por pesquisadores de outras instituições do país, e com parceiros da América Latina África, Europa e Asia (Matos et al., 2015; Szapiro et al., 2017; Bu, 2018).

O presente trabalho tem como objetivo analisar a produção acadêmica sobre Arranjos Produtivos Locais, disponível na plataforma Scopus até 2022. Desse modo, a partir de uma análise bibliométrica, a pesquisa busca identificar o panorama de publicações sobre o tema, mostrando sua distribuição, produtividade de autores e revistas e contribuições dos países e instituições. O que possibilita observar tendências e lacunas de pesquisa.

As políticas de apoio para APLs se iniciaram no contexto da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (Pitce), através do estabelecimento de diretrizes para o desenvolvimento de ações integradas de fomento às atividades de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) em APLs. De modo geral, foram diversas ações promovidas pelo governo federal ao longo dos anos, a destacar: i) incorporação do tema no âmbito do Plano Plurianual (PPA) 2004-2007, através do Programa 0419 – Desenvolvimento de Micro, Pequenas e Médias Empresas, bem como, no PPA de 2008 a 2011.

Para atingir o objetivo geral utilizou-se da metodologia de análise bibliométrica. Após a coleta dos dados, se iniciou a etapa de tratamento e análise dos dados. Para tal, foi usado o pacote Bibliometrix no softaware RStudio, bem como da interface Biblioshiny. A base escolhida para a busca da produção científica foi a Scopus, que foi acessada mediante o Portal de Periodicos da Capes.

A análise da distribuição anual dos artigos mostrou um pico de publicações entre 2012 e 2017, possivelmente relacionado às políticas de fomento dos APLs implementadas pelo governo brasileiro. No entanto, a diminuição nas publicações após 2017 levanta questões sobre a evolução desse campo e a possibilidade de mudanças de terminologia ou interesse de pesquisa

A análise das Zonas da Lei de Bradford mostrou que a produção científica está distribuída entre diversos periódicos, não estando concentrada em poucos deles. A aplicação da Lei de Lotka revelou que a maioria dos autores produziu apenas um artigo, com poucos contribuindo com múltiplas publicações. Isso sugere que o campo está em constante evolução e que a identidade da comunidade de pesquisadores está em construção. Quanto à produção científica por país, o Brasil lidera com 83 artigos, destacando seu papel no desenvolvimento das pesquisas sobre APLs.

CAVALCANTI FILHO, P. F. Tipologias para APLS: uma proposta teórico-metodológica. Relatório técnico, 2012, 45p. Nota Técnica 4. Disponível em: https://www.cidades.ce.gov.br/wp-content/uploads/sites/12/2012/04/nota_tec-4_tipol-apls.pdf. Acesso em: jun. 2017. LÜBECK, Rafael Mendes; WITTMANN, Milton Luiz; DA SILVA, Marcia Santos. Afinal, quais variáveis caracterizam a existência de cluster arranjos produtivos locais (APLs) e dos sistemas locais de produção e inovação (SLPIs)?. Revista Ibero Americana de Estratégia, v. 11, n. 1, p. 120-151, 2012.