Resumo

A população mundial chegará a quase 10 bilhões de pessoas, sendo que para isso serão necessários produzir 70% mais alimentos e de acordo com a FAO o Brasil deverá ser responsável por 40% dessa demandas. E não é apenas maior quantidade de alimentos, precisamos de inovações sociais e outras formas de entregar valor à sociedade. Precisamos olhar para as tradicionais proteínas animais, as quais precisam demonstrar o valor agregado na cadeia agroalimentar e responder às novas demandas do consumidor, para se estabelecer e manter-se como um ecossistema sustentável.

Através dos achados científicos, objetiva-se contribuir com processos gerenciais do agronegócio com foco em agroalimentos, a partir da investigação em carne bovina, munindo o gestor com a compreensão da percepção do consumidor. Em termos acadêmico científico, este é um estudo exploratório, o qual abre a discussão científica sobre a percepção de valor em agroalimentos e precisa ser aprofundado, necessitando de pesquisas futuras, incluindo o estudo de outras cadeias e ecossistemas.

Quando abordamos marketing e agronegócio por terras brasileiras, passamos pelo professor e autor Tejon, que já sinalizava que o cenário da “alimentação do amanhã tende a privilegiar, em linha gerais, mais a qualidade que a quantidade” (Tejon; Xavier, 2009), pois bem, o amanhã chegou. Sendo a demanda por mais qualidade uma realidade e em contrapartida a demanda por quantidade continua a crescer, devido a população mundial estar caminhando para 10 bilhões de pessoas até 2050. Então precisaremos não só de mais quantidade, quanto de melhores agroalimentos.

O próximo passo desse estudo será conduzido por uma pesquisa qualitativa com desenho do tipo não experimental e corte transversal exploratório para coleta de dados em momento único através de entrevista em profundidade de modo indutivo e perguntas semiestruturadas. A amostra conceitual, não probabilística, com 6 a 10 consumidores, ou até que haja saturação teórica, de residentes no estado do RS que compram em casas de carne e supermercados, para garantir que a carne comercializada possua rótulo.

O Modelo Agrobrand de percepção de valor em agroalimentos, apresentado na Figura 1, é um modelo conceitual, o qual propõe que o fluxo do consumidor através dos touchpoints, perpassando pela percepção que resultará, ou não, na atribuição de valor, a depender da percepção gerada, que conduzirá o consumidor a compreender determinado agroalimento como mais uma commodity - que não há percepção de diferença entre mercadorias similares - ou uma agrobrand, no qual há atribuição de camadas de valor como resultado da percepção experienciada pelo consumidor.

Esta pesquisa tem a intenção de contribuir com o setor de agroalimentos, a fim de compreender como o consumidor atribui percepção de valor a partir do touchpoint da rotulagem e assim fornecer subsídios para auxiliar os gestores na tomada de decisões estratégicas para o negócios, assim como uma melhor transparência para o consumidor e contribuição acadêmica científica para a comunidade. Este estudo é uma research in progress e outras etapas são necessárias para o aprofundamento do mesmo e a definição de uma conclusão.

MAYSONNAVE, G. S. et al. Percepção de qualidade da carne bovina com marca no sul do Brasil. Archivos de Zootecnia, v. 63, n. 244, p. 633–644, dez. 2014. SIGALES, J. Agrobrand - o agro precisa de marcas. XXV SEMEAD - Anais. Anais... Em: SEMINÁRIOS EM ADMINISTRAÇÃO FEA/USP. São Paulo: USP, 2022. TEJON, J. L.; XAVIER, C. Marketing e Agronegócio: A Nova Gestão – Diálogo com a Sociedade. 1a edição ed. São Paulo: Pearson Universidades, 2009.